sexta-feira, 7 de junho de 2024

 AFINAL, PODE OU NÃO USAR MORFINA PARA TRATAR A DOR DO                                      INFARTO AGUDO DE MIOCÁRDIO (IAM)?

 Dr. ALEJANDRO ENRIQUE BARBA RODAS. Médico Especialista em Medicina Intensiva. Coordenador da Unidade Coronariana da Santa Casa de São Jose dos Campos. 



Nos últimos meses, temos visto em diferentes redes sociais postagens e até vídeos manifestando ser errado hoje usar morfina para tratar dor no IAM e até que estaria “proscrita”.

Há mais de 100 anos que a morfina é parte do tratamento da dor torácica aguda nas síndromes coronárias agudas (SCA). A morfina sempre foi indicada no paciente com IAM devido ao seu efeito vasodilatador, reduzindo a resistência vascular periférica, pré e pós-carga do ventrículo esquerdo. Além disso, apresenta potente efeito analgésico sobre o SNC, reduzindo a dor e ansiedade do paciente. A dose inicial de morfina preconizada é de 2 a 4 mg, IV. Sempre foi parte da mnemônica de manejo inicial: MONABCH:

  • Morfina: analgésico opioide utilizado para aliviar a dor intensa;
  • Oxigênio: para tratar hipoxemia;
  • Nitrato: para reduzir a pré-carga, diminuir a demanda de oxigênio pelo miocárdio isquemiado e com isso melhorar a dor anginosa;
  • AAS: para antiagregação plaquetária
  • Beta-bloqueador: para reduzir a frequência cardíaca e diminuir a demanda de oxigênio do miocárdio, melhorando a circulação sanguínea e reduzindo a dor anginosa;
  • Clopidrogrel: para dupla antiagregação plaquetária (DAP);
  • Heparina: para anticoagulação.

Mas, qual é a origem dessa celeuma em torno da quebra de paradigma em relação ao uso da morfina? Realmente, está proscrita e não deve se usar mais?

Para responde a essas perguntas, nada melhor como ir até as diretrizes em vigor e ver o que versam sobre o assunto.

Ao que parece, tudo começou em 2021, em que foram publicadas tanto as Diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) para o manejo de síndromes coronarianas agudas (SCA) em pacientes sem elevação persistente do segmento ST (IAMSSST)[1], quanto da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para diagnostico e manejo da Angina Instável (AI) e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnívelamento do Segmento ST (IAMSSST)[2].

E, o que tais diretrizes recomendavam no cenário do alivio da dor torácica aguda?

SOCIEDADE EUROPEIA DE CARDIOLOGIA (ESC) 2021:

Na verdade, a ESC no documento principal, item 5.2/5.2.1, que trata do manejo farmacológico da dor isquêmica (Pharmacological treatment of ischaemia) nada manifesta sobre morfina, remetendo o leitor para o documento de dados suplementares (Supplementary Data).

No suplemento, no item 5, a diretrizes manifestam que:

(...) Os opioides (por exemplo, morfina intravenosa - EV), são os analgésicos mais comumente usados ​​nesse cenário. No entanto, deve-se ter em mente que o uso de morfina está associado a uma menor absorção e a um atraso no início da ação antiplaquetária, o que pode levar à falha precoce do tratamento em indivíduos suscetíveis.

Para sustentar essa afirmação citam o ensaio clínico de Kubica L. Adamsky e col., publicado em 2016 (IMPRESSION trial), que mostrou que a morfina atrasa e atenua a exposição e ação do ticagrelor em pacientes com infarto do miocárdio, atrasando e atenuando as concentrações plasmáticas máximas de ticagrelor. Neste estudo se postou a hipótese de que provável que a morfina prejudique a absorção do ticagrelor, já que já se conhecia que a morfina ativa os receptores opióides localizados no plexo mioentérico e nos intestinos e diminui a motilidade propulsiva e a secreção do trato gastrointestinal[3].

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC):

No item 6.2.2 (Analgesia e Sedação), afirma que:

A dor precordial e a ansiedade costumeiramente associada, presentes nas SCA, geralmente levam à hiperatividade do sistema nervoso simpático. Esse estado hiperadrenérgico, além de aumentar o consumo miocárdico de oxigênio, predispõe ao aparecimento de taquiarritmias atriais e ventriculares. A terapêutica antianginosa inicial deve ser realizada com betabloqueadores e nitratos, desde que não haja contraindicações, como choque cardiogênico e/ou hipotensão. O sulfato de morfina poderá ser utilizado em casos refratários ou com contraindicação aos nitratos ou betabloqueadores. Deve ser administrado por via intravenosa, na dose de 2 a 4mg diluídos a cada 5min até, no máximo, 25mg. A administração em pequenos incrementos tem por objetivo evitar efeitos adversos como hipotensão e depressão respiratória. Deve-se evitar derivados da morfina, a não ser em casos de hipersensibilidade a esta, que, nessa situação (de hipersensibilidade), pode ser substituída pelo sulfato de meperidina em doses fracionadas de 20 a 50mg I V. Apesar de seu potente e eficaz efeito no controle da angina, há evidência de que o uso da morfina reduza o efeito antiplaquetário dos inibidores do receptor P2Y12 (clopidogrel, ticagrelor e prasugrel), tanto o clopidogrel[4] quanto antiplaquetários mais potentes como prasugrel[5] e ticagrelor[6]. Do ponto de vista de eventos clínicos, uma subanálise do registro CRUSADE[7] e, mais recentemente, uma metanálise que incluiu quase 70 mil pacientes demonstraram que o uso rotineiro precoce de morfina pode estar associado a aumento de mortalidade intra-hospitalar e eventos cardiovasculares maiores[8]. Em uma análise post-hoc do estudo EARLY-ACS, verificou-se que a morfina se associou a maior risco de eventos isquêmicos precoces quando utilizada concomitantemente ao pré-tratamento com clopidogrel. Porém, no grupo de pacientes sem uso de clopidogrel antes do cateterismo, não se verificou piora de desfecho clínico com uso de morfina[9] (...).

Quanto aos mecanismos postulados para explicar os efeitos da morfina, no estudo de Hobl EL e col., também se postula um retardo na absorção gastrointestinal do clopidrogel. Da mesma forma, o estudo de Thomas MR e col., para o prasugrel, postula-se que a morfina retarda o esvaziamento gástrico e subsequentemente a absorção intestinal de drogas.

No sumário de recomendações e evidencia coloca o uso da morfina da seguinte maneira:

Administrar sulfato de morfina em pacientes que mantêm dor contínua, apesar de terapia anti-isquêmica otimizada (IIb, C).


O nível de recomendação passou de I  (condições para as quais há evidências conclusivas, ou, na sua falta, consenso geral de que o procedimento é seguro e útil/eficaz) com nível de evidencia C (dados obtidos de opiniões consensuais de especialistas) em 2014,  para recomendação IIb (segurança e utilidade/eficácia menos bem estabelecida, não havendo predomínio de opiniões a favor) nível de evidencia B [(dados obtidos a partir de metanálise menos robusta, a partir de um único estudo randomizado ou de estudos não randomizados (observacionais)].

 

Como visto, a morfina não foi proibida ou prescrita nem no Brasil, nem no mundo. Apenas passou a ter recomendação de ser usada como terceira opção, diante de uma dor refratária após uso de nitrato e betabloqueador.

Todavia, as Diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) para o manejo de síndromes coronarianas agudas (SCA) publicadas em 2023, mudaram novamente a recomendação da morfina, recuperando força na sua recomendação (item 4.2.2.3)[10].

Com relação a morfina para alivio da dor torácica aguda na SCA, assim se posicionaram:

Opioides intravenosos (por exemplo, morfina 5–10 mg) devem ser considerados para o alívio da dor torácica intensa. Outras formas de alívio da dor (por exemplo, óxido nitroso/oxigênio mais acetaminofeno/paracetamol intravenoso) foram relatadas como inferiores à morfina. No entanto, a morfina pode aumentar as náuseas e os vómitos e retardar a absorção gastrointestinal de medicamentos orais, o que pode atrasar o início da ação da terapêutica antiplaquetária administrada por via oral. Evidências de estudos de pequena escala sugerem que a morfina intravenosa também pode reduzir o dano miocárdico e microvascular quando administrada a pacientes com oclusão aguda da artéria coronária em curso, embora a coadministração com metoclopramida pareça anular esse efeito.  Por outro lado, também foi relatado que a morfina reduz a atividade antiplaquetária após a administração de ticagrelor, embora este efeito tenha sido recuperado pela administração de metoclopramida[11] [12]. Os efeitos positivos da morfina no dano miocárdico podem estar potencialmente relacionados à redução do consumo de oxigênio como resultado da diminuição da pré-carga e da inotropia e cronotropia negativas.

A inibição plaquetária induzida por antagonistas orais do receptor P2Y12 pode ser retardada em pacientes com infarto do miocárdio em curso. A morfina também pode reduzir ainda mais a absorção, retardar o início da ação e diminuir o efeito antiplaquetário dos inibidores orais do receptor P2Y12 em pacientes com IAM, embora este efeito possa variar entre os diferentes inibidores P2Y12[13] [14] [15] [16]. Mais pesquisas estão em andamento nesta área, mas atualmente deve-se notar que os dados clínicos atualmente disponíveis não demonstraram qualquer aumento no risco de resultados clínicos adversos como resultado de qualquer interação entre morfina e agentes antiplaquetários na configuração do SCA[17] [18] [19].

No sumário de recomendações e evidencia coloca o uso da morfina da seguinte maneira:

Opioides intravenosos deveriam ser considerados para aliviar a dor (IIa, C).

As mais recentes diretrizes da ESC, portanto, elevam a força recomendação para IIa (força da evidencia/opinião se inclina a favor da utilidade/eficácia) com nível de evidencia C (consenso de opinião de experts e/ou pequenos estudos, estudos retrospectivos, registros). A força da nova diretriz aponta para “deveria ser considerada” e não “poderia”. Entretanto, apesar de não constar textualmente nas diretrizes adota-se entendimento que quando for considerada deveria usar junto com a metoclopramida que além de ser antiemético é também procinético podendo acelerar o trânsito do estômago para o intestino facilitando a absorção de substâncias e medicamentos.




Até a publicação deste post não se tem conhecimento de novos estudos a favor ou contra o uso da morfina para manejo da dor torácica da SCA.

Portanto, baseado nas diretrizes que por sua vez são fruto da análise das evidencias em vigor e do consenso de experts no assunto, podemos dizes que MORFINA DEVERIA SIM SER CONSIDERADA NO MANEJO DA DOR TORÁCICA AGUDA DA SCA, COM OS SEGUINTES CRITÉRIOS:

1. DOR REFRATÁRIA OU PERSISTENTE SOMENTE APÓS USO DE NITRATO E BETABLOQUEADOR (3ª ESCOLHA).

2. JUNTAMENTO COM USO DA METOCLOPRAMIDA (NÃO SE TEM EVIDENCIAS PARA USO DE OUTROS PRO-CINÉTICOS)

3. SE HOUVER CONTRAINDICAÇÃO PARA USO DE NITRATO E/OU BETABLOEADORES (RISCO x BENÉFICIO)

4. EM CASOS DE ALERGIA A METOCLOPRAMIDA, AVALIAR RISCOS x BENÉFICIOS, TALVEZ USANDO OUTROS PROCINÉTICOS DE MANEIRA OFF-LABEL, COMO BROMOPRIDA E DOMPERIDONA.



[1] Collet JP, Thiele H, Barbato E, Barthélémy O, Bauersachs J, Bhatt DL, Dendale P, Dorobantu M, Edvardsen T, Folliguet T, Gale CP, Gilard M, Jobs A, Jüni P, Lambrinou E, Lewis BS, Mehilli J, Meliga E, Merkely B, Mueller C, Roffi M, Rutten FH, Sibbing D, Siontis GCM; ESC Scientific Document Group. 2020 ESC Guidelines for the management of acute coronary syndromes in patients presenting without persistent ST-segment elevation. Eur Heart J. 2021 Apr 7;42(14):1289-1367. doi: 10.1093/eurheartj/ehaa575. Erratum in: Eur Heart J. 2021 May 14;42(19):1908. Erratum in: Eur Heart J. 2021 May 14;42(19):1925. Erratum in: Eur Heart J. 2021 May 13;: Erratum in: Eur Heart J. 2024 Feb 1;45(5):404-405. PMID: 32860058.

[2] Nicolau JC, Feitosa Filho GS, Petriz JL, Furtado RHM, Précoma DB, Lemke W, Lopes RD, et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST – 2021. Arq. Bras. Cardiol. 2021;117(1):181-264.

[3] Kubica J, Adamski P, Ostrowska M, Sikora J, Kubica JM, Sroka WD, Stankowska K, Buszko K, Navarese EP, Jilma B, Siller-Matula JM, Marszall MP, Rosc D, Kozinski M. Morphine delays and attenuates ticagrelor exposure and action in patients with myocardial infarction: the randomized, double-blind, placebo-controlled IMPRESSION trial. EurHeart J2016;37:245 252.

[4] Hobl EL, Stimpfl T, Ebner J, Schoergenjofer C, Derhaschnig U, Plassman RS, et al. Morphine decreases clopidogrel concentrations and effects: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. J Am Coll Cardiol. 2014;63(7):630–5.

[5] Thomas MR, Morton AC, Hossain R, Chen b, Luo L, Shahari NN, et al. Morphine delays the onset of action of prasugrel in patients with prior history of ST-elevation myocardial infarction. Thromb Haemost. 2016; 116(7):96–102.

[6] Kubica J, Adamski P, Ostrowska M, Sikora J, Kubica JM, Srooka WD, et al. Morphine delays and attenuates ticagrelor exposure and action in patients with myocardial infarction: the randomized, double-blind, placebo-controlled IMPRESSION trial. Eur Heart J. 2016;37(3):245-52.

[7] Meine TJ, Roe MT, Chen AY, Patel MR, Washam JB, Ohman EM, et al; CRUSADE Investigators. Association of intravenous morphine use and outcomes in acute coronary syndromes: results from the CRUSADE Quality Improvement Initiative. Am Heart J. 2005;149(6):1043-9.

[8] Duarte GS, Nunes-Ferreira A, Rodrigues FB, Pinto FJ, Ferreira JJ, Costa J, et al. Morphine in acute coronary syndrome: systematic review and meta-analysis. BMJ Open. 2019;9(3):e025232.

[9] Furtado RHM, Nicolau JC, Guo J, Im K, White JA, Sabatine MS, et al Morphine and Cardiovascular Outcomes Among Patients With Non-ST-Segment Elevation Acute Coronary Syndromes Undergoing Coronary Angiography. J Am Coll Cardiol. 2020 Jan 28;75(3):289-300.

[10] Robert A Byrne, Xavier Rossello, J J Coughlan, Emanuele Barbato, Colin Berry, Alaide Chieffo, Marc J Claeys, Gheorghe-Andrei Dan, Marc R Dweck, Mary Galbraith, Martine Gilard, Lynne Hinterbuchner, Ewa A Jankowska, Peter Jüni, Takeshi Kimura, Vijay Kunadian, Margret Leosdottir, Roberto Lorusso, Roberto F E Pedretti, Angelos G Rigopoulos, Maria Rubini Gimenez, Holger Thiele, Pascal Vranckx, Sven Wassmann, Nanette Kass Wenger, Borja Ibanez, ESC Scientific Document Group , 2023 ESC Guidelines for the management of acute coronary syndromes: Developed by the task force on the management of acute coronary syndromes of the European Society of Cardiology (ESC), European Heart Journal, Volume 44, Issue 38, 7 October 2023, Pages 3720–3826, https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehad191

[11] Saad   M,Meyer-Saraei   R,de Waha-Thiele   S,Stiermaier   T,Gráfico   T,Fuernau   G, e outros.   Impacto do tratamento com morfina com e sem coadministração de metoclopramida na inibição plaquetária induzida por ticagrelor no infarto agudo do miocárdio: o ensaio randomizado MonAMI.Circulação  2020;141:1354–1356. https://doi.org/10.1161/circulationaha.119.042816

[12] Stiermaier   T, Schaefer   P, Meyer-Saraei   R, Saad   M, de Waha-Thiele   S, Pöss   J, et al.   Impact of morphine treatment with and without metoclopramide coadministration on myocardial and microvascular injury in acute myocardial infarction: insights from the randomized MonAMI trial. J Am Heart Assoc  2021;10:e018881. https://doi.org/10.1161/jaha.120.018881

[13] Parodi   G, Bellandi   B, Xanthopoulou   I, Capranzano   P, Capodanno   D, Valenti   R, et al.   Morphine is associated with a delayed activity of oral antiplatelet agents in patients with ST-elevation acute myocardial infarction undergoing primary percutaneous coronary intervention. Circ Cardiovasc Interv  2015;8:e001593. https://doi.org/10.1161/circinterventions.114.001593

[14] Kubica   J, Adamski   P, Ostrowska   M, Sikora   J, Kubica   JM, Sroka   WD, et al.   Morphine delays and attenuates ticagrelor exposure and action in patients with myocardial infarction: the randomized, double-blind, placebo-controlled IMPRESSION trial. Eur Heart J  2016;37:245–252. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehv547

[15] Zhang   Y, Wang   N, Gu   Q. Effects of morphine on P2Y(12) platelet inhibitors in patients with acute myocardial infarction: a meta-analysis. Am J Emerg Med  2021;41:219–228. https://doi.org/10.1016/j.ajem.2020.11.003

[16] Furtado   RHM, Nicolau   JC, Guo   J, Im   K, White   JA, Sabatine   MS, et al.   Morphine and cardiovascular outcomes among patients with non-ST-segment elevation acute coronary syndromes undergoing coronary angiography. J Am Coll Cardiol  2020;75:289–300. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2019.11.035

[17] Kubica   A, Kosobucka   A, Niezgoda   P, Adamski   P, Buszko   K, Lesiak   M, et al.   ANalgesic Efficacy and safety of MOrphiNe versus methoxyflurane in patients with acute myocardial infarction: the rationale and design of the ANEMON-SIRIO 3 study: a multicentre, open-label, phase II, randomised clinical trial. BMJ Open  2021;11:e043330.

[18] Batchelor   R, Liu   DH, Bloom   J, Noaman   S, Chan   W. Association of periprocedural intravenous morphine use on clinical outcomes in ST-elevation myocardial infarction (STEMI) treated by primary percutaneous coronary intervention: systematic review and meta-analysis. Catheter Cardiovasc Interv  2020;96:76–88. https://doi.org/10.1002/ccd.28561

[19] Bonin   M, Mewton   N, Roubille   F, Morel   O, Cayla   G, Angoulvant   D, et al.   Effect and safety of morphine use in acute anterior ST-segment elevation myocardial infarction. J Am Heart Assoc  2018;7:e006833. https://doi.org/10.1161/jaha.117.006833




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