domingo, 4 de abril de 2021

 TERAPIA ADJUVANTE NO MANEJO FARMACOLÓGICO DO PACIENTE NA UTI            EM TEMPOS DE PANDEMIA. PAPEL DA ANALGESIA MULTIMODAL.


Dr. Alejandro Enrique Barba Rodas. Médico Responsável Técnico e Coordenador da Unidade Coronariana da Santa Casa de São Jose dos Campos. Coordenador da Residência em Medicina Intensiva – COREME e membro do Grupo Técnico de Enfrentamento à COVID -19 da Santa Casa de São Jose dos Campos.



ANALGESIA MULTIMODAL EM ANESTESIA

Analgesia multimodal (ou balanceada), é uma abordagem que tem sido usada no ambiente perioperatório para reduzir o uso de opioides (opioid-sparing) e para otimizar a analgesia pós-operatória e a reabilitação. Usada há muitos anos (desde 1990), envolve o uso de mais de uma modalidade de controle da dor para obter um efeito analgésico aditivo (ou mesmo sinérgico) benéfico, enquanto reduz os efeitos colaterais relacionados aos opioides. A definição de "multimodal" não é uniforme na literatura de anestesia e cirurgia. Em alguns contextos, analgesia multimodal refere-se à administração sistêmica de drogas analgésicas com diferentes mecanismos de ação, enquanto em outro se refere à aplicação concorrente de farmacoterapia analgésica local e regional. Apesar dessas variações na definição, meta-análises confirmam o efeito poupador de doses de opioides feito por medicamentos como os AINEs (incluindo os inibidores COX-2) e a redução dos efeitos colaterais relacionados a opioides (náuseas e vômitos pós-operatórios) e sedação. O uso combinado desses medicamentos produz analgesia sinérgica e permite que os médicos usem doses totais menores dos opioides endovenosos. Isso, por sua vez, reduz o número de efeitos colaterais. A analgesia multimodal é uma abordagem mais racional para o tratamento da dor e pode reduzir efetivamente a dor pós-operatória, bem como o uso de opioides e também de sedativos. Estudos sugerem que o efeito poupador de opioides pode ser alcançado no pós-operatório usando uma grande variedade de medicamentos adjuvantes não opioides (por exemplo, cetamina, clonidina, dexmedetomidina, adenosina, gabapentina, pregabalina, glicocorticóides, esmolol, neostigmina, magnésio). Uma série de evidências consistentes tem sido publicadas apoiando o uso adjuvante de fármacos não opioides. Ainda, a preocupação com os efeitos colaterais relacionados a opioides, assim como a meta de alta precoce após a cirurgia aumentou o interesse por essas técnicas combinadas[1] [2] [3]. Hoje terapia já consagrada segue as recomendações para o manejo da dor da American Pain Society (APS) e da American Society of Anesthesiologists (ASA)[4].

 

ANALGESIA MULTIMODAL NA UTI

No cenário da UTI, a prática da estratégia analgosedação (A1), ou seja, usar primeiro a analgesia em vez da sedação se tornou um paradigma nos últimos anos. Os resultados de um estudo publicado em 2016 demonstraram que os pacientes que receberam mais fentanil e menos benzodiazepínicos e muito mais dexmedetomidina, mas menos propofol, necessitaram de menos sedação. Assim, mudar a estratégia de “sedação profunda com alguma analgesia (sedoanalgesia)” para a de “analgesia com pouca ou nenhuma sedação (analgosedação)”, salvo nos casos com indicação de sedação profunda, tem se mostrado uma estratégia mais eficaz para reduzir o uso de sedativos na UTI. Essa mudança significativa no ambiente da UTI vem dando bons resultados na forma de redução da duração da VM e da redução do tempo de permanência na UTI[5].

Terapias adjuvantes ou alternativas à estratégia convencional de sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular a serem usadas na UTI, certamente deve levar em consideração que o paciente crítico desse cenário tem muitas vezes caraterísticas especiais e diferentes daqueles que estão no centro cirúrgico ou no período pós-operatório, já que requerem de monitorização hemodinâmica e ventilatória muitas vezes avançadas com manobras de recrutamento alveolar e necessidade de medicações por períodos muito maiores dos que necessitariam num ambiente de perioperatório.

Em 2018, a American College of Critical Care Medicine (ACCM), órgão consultivo da Society of Critical Care Medicine (SCCM) publicou no Jornal Critical Care Medicine, suas novas Diretrizes de Prática Clínica para a Prevenção e Tratamento da dor, agitação/sedação, delírio, Imobilidade e perturbação do sono em pacientes adultos na UTI, que foram endossadas pela American Association of Critical Care Nurses, American College of Chest Physicians, American College of Clinical Pharmacy, American Delirium Society, Australian College of Critical Care Nurses, Canadian Critical Care Society, Eastern Association for the Surgery of Trauma, European Delirium Association, European Federation of Critical Care Nursing Associations, Neurocritical Care Society, and Society of Critical Care Anesthesiologists. Estas diretrizes publicadas trouxeram três recomendações importantes para o controle a dor e sedação na UTI[6]:

1. Uso analgesia multimodal na UTI. Recomendou os médicos usar opioides associados a terapias adjuvantes, como paracetamol ou nefopam, sempre que possível.

2. Usar um opioide antes dos sedativos e tentar usar a menor dose efetiva para limitar o risco de dependência aos opioides nos pacientes.

3. Uso de sedação leve em contraste com sedação profunda em pacientes criticamente enfermos sob ventilação mecânica.

Em 2013, um estudo francês já havia demostrado que o uso de analgesia multimodal em pacientes críticos sob ventilação mecânica pode diminuir a sedação e o delírio e, ao mesmo tempo evitar o uso de opioides assim como os efeitos colaterais relacionados aos opioides. Os pacientes que receberam analgesia multimodal também eram mais propensos a ter menos falências orgânicas e receberam menos hipnóticos em comparação com os pacientes que receberam apenas opioides[7]. A dexmedetomidina, um antagonista alfa-2 e um potente ansiolítico, é uma droga importante que deve ser considerada dentro da abordagem multimodal para o tratamento da dor em associação com midazolam, cetamina e propofol (MIDEX, CETODEX e PRODEX) e demonstrou que pode limitar a duração da VM em comparação com o midazolam[8].

Muito embora tenhamos uma diretriz recomendando o uso de analgesia multimodal na UTI, carecemos de evidências adequadas que possam comprovar, em pacientes de UTI, os benéficos alcançados nos pacientes do cenário da anestesiologia.

Entretanto, resta evidente que o conceito de analgesia multimodal deve ser promovido na UTI. Xavier Capdevila, Diretor do Departamento de Anestesia e Medicina de Tratamento Crítico do Hospital Universitário Lapeyronie, na França, resume o conceito de analgesia multimodal como uma alternativa à administração exclusiva de opioides aos pacientes. Na sua opinião a abordagem da analgesia multimodal deveria inclui as seguintes estratégias[9]:

  • Sempre que possível, usar analgésicos que não sejam opioides, como anti-inflamatórios, em combinação a opioides (de baixa dosagem)
  • Receitar a menor dosagem eficaz de um opioide para limitar o risco de dependência 
  • Usar analgosedação ou analgésico antes de administrar sedativos.
  • Usar sedação leve em vez de sedação profunda, sempre que possível
  • Combinar anestesia local e epidural à analgosedação.


PRINCÍPIOS DA ANALGESIA MULTIMODAL NA UTI[10]

1. Baixas doses para otimizar a relação risco/benefício.

Na UTI, via de regra, os pacientes graves requerem aumento progressivo da medicação analgésica e sedativa, aumentando não apenas seus efeitos terapêuticos, mas também os tóxicos conforme mostrados na figura abaixo:

 


Portanto, o uso de doses mais baixas de medicações pode muitas vezes permitir benefícios clínicos substanciais, com toxicidade mínima (otimizando assim a relação risco/benefício). Isso também cria uma margem de segurança, já que mesmo que as concentrações das drogas aumentem um pouco, elas permanecerão dentro de uma faixa mais segura.

2. Diferentes agentes agem sinergicamente

Diferentes analgésicos frequentemente atuam de forma sinérgica (ou seja, 1 + 1 = 3). A sinergia permite que doses moderadas de vários agentes diferentes tenham um grande impacto combinado, essência da terapia multimodal

Uma estratégia multimodal, portanto, envolve o uso de doses baixas/moderadas de vários agentes diferentes, a fim de maximizar a eficácia e minimizar a toxicidade. Isso contrasta, por exemplo, com uma abordagem tradicional de administrar a pacientes com doses elevadas de um único opioide (uma estratégia que é eficaz, embora ao custo de uma toxicidade considerável).

De fato, terapia multimodal dá mais trabalho, porque envolve a administração de mais medicamentos. Isso pode ser confuso para os profissionais que não estão familiarizados com essa estratégia (por que estamos usando quatro medicamentos quando poderíamos usar um?). No entanto, a base de evidências para a terapia multimodal é razoavelmente robusta (amplamente baseada em ensaios realizados em pacientes no período perioperatório).

 

MEDICAÇÕES MAIS USADAS NA ANALGESIA MULTIMODAL

 

1. CETAMINA/DEXTROCETAMINA.

É um antagonista não competitivo do receptor glutamatérgico do tipo NMDA (N-metil-D-aspartato – NMDA-R), característica responsável pelos seus efeitos terapêuticos primários. O NMDA é um aminoácido excitatório agonista do neurotransmissor, também aminoácido, glutamato. Age ativando receptores inotrópicos conhecidos como receptores glutamatérgicos do tipo NMDA.

Em doses baixas (doses analgésicas), a cetamina fornece analgesia sem outros efeitos neurológicos. As infusões de doses analgésicas de cetamina fornecem um nível leve a moderado de analgesia (com alguma variação entre os pacientes). Muitas vezes, isso não é suficiente para controlar totalmente a dor, mas pode fornecer um nível basal contínuo de analgesia com efeitos poupadores de opioides[11]. Cada vez mais, evidências apoiam o uso de infusões de cetamina em dose para dor entre pacientes em estado crítico [12] [13] [14].

As infusões de cetamina em doses analgésicas são extraordinariamente seguras, especialmente em um ambiente de UTI (observando que as infusões de cetamina em baixas doses podem ser administradas com segurança nas enfermarias). A cetamina não provoca depressão respiratória e até tem efeitos broncodilatadores que ajudam em situações de broncoespasmo. A cetamina não causa hipotensão (ocasionalmente, a cetamina pode aumentar a pressão arterial, mas geralmente não substancialmente).

Benefícios da infusão de cetamina em doses analgésicas:

a) Efeito analgésico leve a moderado, reduzindo a dose necessária de opioides.

b) Pode inibir o desenvolvimento de tolerância aos opioides e o surgimento de hiperalgesia induzida por opioides[15] [16] [17] [18]. Assim, a cetamina pode mitigar alguns efeitos colaterais dos opioides.

c) Exerce efeitos antidepressivos, que podem melhorar o humor do paciente e promover a participação na reabilitação[19] [20] [21]

Riscos da infusão de cetamina em doses analgésicas:

O único risco verdadeiro da infusão de cetamina em dose para dor são os efeitos colaterais psicomiméticos. Em doses elevadas, a cetamina pode causar sonolência, agitação, euforia ou alucinações. Alguns pacientes podem ter alucinações perturbadoras. Os efeitos colaterais psicomiméticos diminuirão rapidamente após a pausa na infusão de cetamina, portanto, este não é um grande problema se administrado de maneira adequada. Um ensaio clínico randomizado descobriu que as infusões de cetamina em dose para a dor reduziram o risco de delírio[22].Isso sugere que a possibilidade de efeitos colaterais psicomiméticos não implica o perigo de complicações neurológicas mais sérias da cetamina. Vários estudos sugerem que o risco de efeitos psicomiméticos com uma taxa fixa de 0,12 mg/kg/h é próximo de zero[23] [24] [25]. Esta dosagem pode ser razoável em um paciente intubado com agitação basal, onde pode ser difícil determinar se o paciente está experimentando efeitos colaterais psicomiméticos. Para a maioria dos pacientes, é útil começar com a menor dose do intervalo e, em seguida, aumentar a titulação da cetamina gradualmente ao longo de um período de horas, conforme necessário. Se ocorrerem efeitos colaterais psicomiméticos incômodos, pause a infusão de cetamina por uma ou duas horas e reinicie com uma dose mais baixa (uma dose que não causou efeitos colaterais psicomiméticos). Os efeitos colaterais psicomiméticos estão relacionados à dose e, portanto, não são uma contraindicação ao uso de cetamina. Retomar a cetamina em uma dose mais baixa muitas vezes ainda permite que o paciente receba benefícios substanciais da cetamina, sem experimentar quaisquer efeitos colaterais. A combinação de cetamina com um sedativo de ação alfa-2 central (dexmedetomidina ou clonidina) ou com propofol parece prevenir a ocorrência de efeitos colaterais psicomiméticos[26]. Isso pode permitir que doses mais altas de cetamina sejam administradas (por exemplo, doses de até 0,5 mg/kg/h).

Dose: A faixa de dosagem típica é de 0,1 - 0,3 mg/kg/h. Pode se usar até 0.5mg/kg/h se associada a dexmedetomidina, clonidina ou propofol.

CETODEX/CETOCLON: combinar cetamina mais clonidina ou dexmedetomidina pode ser sinergicamente útil por várias razões: 

Analgesia sinérgica: a combinação de cetamina mais um agonista alfa-2 fornece analgesia mais eficaz do que qualquer um dos agentes isoladamente[27] [28] [29].

Estabilidade hemodinâmica: a cetamina tende a aumentar a pressão arterial, enquanto os agonistas alfa-2 tendem a reduzir a pressão arterial.

Evitar os efeitos colaterais psicomiméticos da cetamina: O principal efeito colateral limitante do tratamento com infusões de cetamina são os efeitos psicomiméticos, que ocorrem em doses mais altas (tipicamente > 0,2 - 0,3 mg /kg/h). Esses efeitos colaterais são geralmente menores e facilmente controlados pausando a infusão e reiniciando em uma taxa mais baixa. Os agonistas alfa-2 podem exercer um efeito sedativo que evita os efeitos psicomiméticos induzidos pela cetamina, ampliando assim a margem de segurança ao administrar a cetamina[30] [31] [32] [33] [34]. Por exemplo, um estudo descobriu que a clonidina administrada a 0,3 mg BID permitia que os pacientes tolerassem a cetamina a 0,6 mg /kg/h (uma dose de cetamina que, de outra forma, deveria causar efeitos psicomiméticos substanciais)[35].

Em 1-2 semanas, os pacientes desenvolverão tolerância aos efeitos sedativos dos agonistas alfa-2. Os modelos animais sugerem que a cetamina pode prevenir isso, permitindo assim que os agonistas alfa-2 mantenham a eficácia contínua ao longo do tempo[36].

Neste Blog pode se consultar mais sobre as associações da cetamina (http://blogdeterapiaintensiva.blogspot.com/2019/07/ketofol-e-ketodexopcoes-futuras-na-uti.html).

 

2. ALFA-2 AGONISTAS (CLONIDINA, DEXMEDETOMIDINA, TIZANIDINA, GUANFACINA)

Os agonistas alfa-2 exercem efeitos analgésicos agindo nos receptores alfa-2 centrais e os receptores de imidazolina. Dependendo de sua atividade em diferentes receptores, eles têm um espectro de efeitos clínicos sobrepostos. A potência analgésica dos agonistas alfa-2 é leve. No entanto, eles podem ser benéficos dentro de um esquema analgésico multimodal, onde aumentam a eficácia de outros agentes (por exemplo, cetamina).

Os agonistas alfa-2 centrais causam vários graus de sedação, o que em pacientes gravemente enfermos, muitas vezes é extremamente útil. Essa combinação de analgesia com sedação também permitiu que a clonidina fosse útil no tratamento da abstinência de opioides.

Os agonistas alfa-2 podem causar bradicardia e hipotensão. Com exceção dos bolus de dexmedetomidina, esse efeito geralmente é leve e controlável. No entanto, por essas razões, são inadequados para pacientes com bradicardia ou bloqueio cardíaco pré-existente.

Talvez a maior desvantagem dos agonistas alfa-2 seja a possibilidade de desenvolver tolerância e abstinência. Com o tempo, os pacientes podem se tornar tolerantes ao medicamento, causando redução da eficácia clínica. Se a medicação for interrompida abruptamente, isso pode causar uma síndrome de abstinência (por exemplo, com taquicardia, hipertensão e ansiedade). A abstinência é predominantemente um problema entre os pacientes que tomam esses medicamentos em regime ambulatorial crônico - mas pode ocorrer em menor grau entre os pacientes internados (especialmente os pacientes que tomam doses mais altas de dexmedetomidina).

Esses problemas podem ser evitados da seguinte maneira:

a) Considere limitar a duração das infusões de dexmedetomidina (por exemplo, para menos de 5 dias). A dexmedetomidina é um excelente medicamento para facilitar a extubação, mas pode não ser o agente ideal para servir como analgossedativo de manutenção por períodos prolongados. A descontinuação da dexmedetomidina pode ser facilitada pela transição para clonidina oral.

b) Para pacientes que estiveram em uso de alfa-2 agonistas orais por vários dias, pode ser preferível diminuir gradualmente (ou diminuir abruptamente com observação cuidadosa para retirada).

c) É essencial desmamar ativamente os alfa-2 agonistas o mais rápido possível (por exemplo, conforme os pacientes estão se recuperando e têm necessidades decrescentes de analgesia e sedação). Todos os esforços devem ser feitos para garantir que os pacientes não continuem com esses agentes por períodos longos.

d) Evite altas doses desses medicamentos (isso é consistente com o conceito básico de analgesia multimodal, que é usar doses leve/moderadas de vários agentes para minimizar a toxicidade de um único agente).

 



Dexmedetomidina

Geralmente é usado na UTI como sedativo. No entanto, tem eficácia comprovada na promoção de analgesia multimodal (por exemplo, redução da necessidade de opioides). A dexmedetomidina não deprime a respiração ou os reflexos das vias aéreas, permitindo que seja usada em pacientes que não estão intubados. Por exemplo, a dexmedetomidina pode ser um agente seguro para um paciente não intubado com dor e ansiedade, que está em risco de depressão respiratória (por exemplo, devido a DPOC ou síndrome de hipoventilação por obesidade).

Bolus isolados de dexmedetomidina podem causar bradicardia e colapso hemodinâmico, portanto, geralmente devem ser evitados. Em vez disso, a infusão pode ser iniciada em uma taxa alta (por exemplo, 1 - 1,4 mcg /kg/min) e diminuída conforme o medicamento faz efeito (dentro de uma hora). Em raras situações, a dexmedetomidina pode ser um sedativo útil e necessário com exclusividade (por exemplo, controle da agitação em um paciente hipercápnico nos esforços para melhorar a tolerância ao BiPAP). O que deve ser feito se a dexmedetomidina for considerada de necessidade crítica, mas estiver causando bradicardia? Uma infusão de dexmedetomidina pode ser combinada com uma infusão simultânea de epinefrina em baixa dose ou dobutamina (para compensar os efeitos bradicárdicos).

Dose habitual: 01 – 0.5 mg/kg/h.

Clonidina

A clonidina é semelhante à dexmedetomidina, mas tem meia-vida mais longa e maiores efeitos hemodinâmicos (bradicardia e hipotensão). Em muitos países, a clonidina intravenosa é usada de forma semelhante à dexmedetomidina intravenosa. Nos Estados Unidos, apenas a clonidina oral está disponível. A clonidina oral é frequentemente usada como meio de desmamar os pacientes da dexmedetomidina intravenosa. A principal limitação da clonidina é que a administração oral limita a capacidade de aumentar ou diminuir rapidamente as doses. No entanto, a clonidina é absorvida com bastante rapidez (por exemplo, em aproximadamente 2 horas), portanto, é possível uma titulação acelerada da dose oral. A clonidina pode, na verdade, ter um efeito em forma de “U” sobre a pressão arterial, com doses mais baixas causando hipotensão, mas doses mais altas tendo menos efeito sobre a pressão arterial[37]. Se um paciente estiver temporariamente impossibilitado de tomar medicação oral, a clonidina também pode ser administrada por via sublingual (alcançando uma farmacocinética semelhante à clonidina oral)[38]. No Brasil dispomos de clonidina em apresentação parenteral 150mcg/ml).

Dose habitual: 0.1 a 2mcg/kg/hora

Tizanidina

A tizanidina parece oferecer eficácia analgésica, com muito menos efeito na hemodinâmica[39] [40]. A tizanidina também tem propriedades relaxantes musculares e efeitos sedativos leves.  Entre os agonistas alfa-2, a tizanidina pode ser indiscutivelmente o melhor analgésico. A tizanidina tem sido tradicionalmente usada para síndromes de dor envolvendo espasmo muscular (por exemplo, dor nas costas ou dor miofascial). No entanto, pesquisas recentes mostram eficácia também na dor somática (por exemplo, dor após colecistectomia ou correção de hérnia)[41] [42] [43] [44]. A tizanidina é metabolizada pelo sistema CYP1A2 hepático. Os níveis de tizanidina podem ser baixos em pacientes que tomam indutores da enzima CYP1A2 (especialmente rifampicina e carbamazepina). A tizanidina pode ser excessiva em pacientes que tomam inibidores do CYP1A2 (especialmente: algumas fluoroquinolonas, fluvoxamina, mexiletina e alguns anticoncepcionais orais)[45]. Tem como desvantagens da tizanidina, anormalidades reversíveis da função hepática são vistas em aproximadamente 5% dos pacientes. A biodisponibilidade é algo variável (os alimentos podem aumentar a absorção dos comprimidos de tizanidina)[46]. Normalmente, a maior parte da tizanidina é removida por meio do metabolismo de primeira passagem no fígado, portanto, a disfunção hepática pode levar ao aumento dos níveis do medicamento. Pode ocorrer hipertensão de rebote se doses > 20mg/dia forem usadas por períodos prolongados[47].  Isso pode ser evitado usando tizanidina apenas para cursos curtos e em doses mais baixas.

No Brasil, a tizanidina é comercializada em comprimidos de 2mg, usada como relaxante muscular em doses de 2 a 4 mg, 3 vezes por dia[48].

3. LIDOCAINA

A lidocaína é um antiarrítmico do tipo Ib e também um anestésico local. Ele funciona inibindo os canais de sódio dependentes de voltagem, mas em baixas doses sistêmicas usadas para analgesia, provavelmente atua por meio de outros mecanismos (por exemplo, modulação dos canais de cálcio ou receptores NMDA).

A lidocaína via sistêmica tem sido usada cada vez mais para uma variedade de condições dolorosas (por exemplo, dor neuropática, cólica renal e dor pós-operatória). Possui propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e anti-hiperalgésicas[49] [50].

A melhor evidência de infusões de lidocaína para o controle da dor existe no contexto pós-operatório. Vários estudos demonstraram que a lidocaína pode reduzir a dor, diminuir as necessidades de opioides, evitar íleo, diminuir náuseas/vômitos e reduzir o tempo de internação hospitalar[51].

A lidocaína não é recomendada para uso rotineiro entre pacientes criticamente enfermos. No entanto, pode ser benéfico em pacientes selecionados que não respondem a estratégias mais convencionais. Durante a intubação endotraqueal pode ser utilizada como adjuvante de forma a inibir o reflexo de tosse e atenuar o aumento da resistência nas vias aéreas secundária ao estímulo irritativo do tubo orotraqueal, principalmente durante a aspiração.

A lidocaína sofre metabolismo hepático em dois metabólitos ativos (monoetilglicinexilidida e glicinexilidida). Estes são posteriormente eliminados pelo rim. Na insuficiência renal, os metabólitos ativos podem se acumular.

A lidocaína sofre distribuição aproximadamente bifásica. Inicialmente, a lidocaína tem meia-vida de 7 a 30 minutos, à medida que a droga se distribui nos tecidos do corpo. Eventualmente, a meia-vida aumenta para aproximadamente 1,5 - 3 horas. Isso reflete a saturação dos tecidos e a eliminação da droga pelo fígado e rins. A meia-vida terminal pode ser de até 8 horas em pacientes com insuficiência hepática[52].





Dose de ataque: 1,5 mg/kg durante 10-30 minutos (pode usar 1-2 mg/kg)

Manutenção: 1 – 2 mg/kg/h. Infusão contínua a uma taxa baixa de aproximadamente 1 mg/kg/hora de peso corporal ideal parece ser uma dose razoável[53]. Isso geralmente será próximo a 1 mg/min, com alguma correção baseada no tamanho do corpo.

Muitas fontes recomendam a titulação da infusão com base na dor. No entanto, a lidocaína tem uma janela terapêutica relativamente estreita (por exemplo, nível terapêutico de aproximadamente 2,5-3,5 mcg/ml e nível tóxico de > 5 mcg/ml). Portanto, a menos que haja um alto nível de especialização em relação ao monitoramento e ajuste de dose, pode ser mais seguro usar uma taxa fixa baixa (especialmente em centros que não são capazes de medir o nível de lidocaína). Todo o conceito de analgesia multimodal é o uso de baixas/moderadas doses de vários medicamentos, para evitar a toxicidade de qualquer agente individual. O uso de uma taxa de infusão de lidocaína fixa e relativamente baixa pode se encaixar nessa estratégia geral. Muitas fontes listam taxas de infusão mais altas (por exemplo, 2-3 mg/kg/hora), mas o acúmulo e alterações no metabolismo ao longo do tempo podem tornar essas taxas inseguras para infusão prolongada (por exemplo, > 24 horas)[54]. Monitore a função orgânica do paciente durante a infusão de lidocaína. Se ocorrerem falhas agudas de órgãos (por exemplo, insuficiência renal ou falência de múltiplos órgãos), pode ser necessário monitorar de perto os níveis do medicamento ou interromper a infusão.

A duração da infusão de lidocaína não está clara. A maioria dos estudos na literatura de anestesia limitou as infusões de lidocaína a 48 horas de duração. No entanto, alguns estudos relataram o uso de infusão contínua de lidocaína por quatro dias ou mesmo 1-2 semanas[55] [56].

Com o tempo, a meia-vida da lidocaína pode se estender ligeiramente (devido ao acúmulo em vários compartimentos do corpo e também devido à inibição do metabolismo da lidocaína por alguns de seus próprios metabólitos). Portanto, se a lidocaína for continuada além de 48 horas, pode ser sensato reduzir ligeiramente a taxa (para 0,8 mg/kg/h de peso corporal ideal) ou monitorar os níveis séricos de lidocaína.

Sinais precoces de toxicidade: parestesias periorais, distúrbios visuais ou auditivos, gosto metálico, zumbido, tontura e sedação. Eles devem servir como gatilhos para interromper a infusão de lidocaína e, assim, evitar toxicidade mais grave.

Manifestações do sistema de órgãos:

·         Cardíaco: bradicardia, alargamento QRS, supressão do nó sinusal

·         Neurológico: delírio, tremor, distúrbios visuais, dormência / formigamento, gosto metálico, zumbido, convulsão.

·         Gastrointestinais: náuseas e vômitos

·         Hematológico: Metemoglobinemia (raro)

·         A toxicidade leve a moderada deve ser resolvida após a interrupção da infusão. A toxicidade grave pode ser controlada pela administração de intralipid.

Contraindicações

·         Alergia à lidocaína.

·         Bloqueio cardíaco (incluindo PR> 200 ms ou QRS> 120 ms).

·         Aumento do risco de convulsão (por exemplo, histórico de convulsões).

·         Disfunção hepática (bilirrubina> 1,5 mg / dL).

·         Disfunção renal (TFG <30 ml / min ou oligúria de início agudo).

·         Insuficiência cardíaca grave, choque ou insuficiência de múltiplos órgãos.

·         Porfiria aguda.

Interações medicamentosas:

·         Medicamentos que envolvem os sistemas CYP1A2 ou CYP3A4 - verifique se há interações usando uma ferramenta eletrônica (por exemplo, a ferramenta de interação medicamentosa do MedScape: https://reference.medscape.com/drug-interactionchecker.

·         Com outros antiarrítmicos de classe I (incluindo fenitoína)[57].

 

4. SULFATO DE MAGNESIO[58] [59]

O uso do sulfato de magnésio como fármaco adjuvante em anestesia, tem aumentado recentemente. Tem como intuito poupar a utilização de opioides e bloqueadores musculares durante as cirurgias. Publicações científicas têm mostrado resultados satisfatórios na utilização do sulfato de magnésio. Seu papel é importante na analgesia multimodal para o tratamento da dor aguda e no alívio da dor pós-operatória, diminuindo a necessidade do uso de medicações analgésicas nesta etapa, mostrando ser uma boa alternativa para o controle e manejo da dor.

Segundo Ghaffaripour, o magnésio pode ser considerado um complemento eficaz para a analgesia pós-operatória em contrapartida ao estabelecimento de terapia convencional baseada em opioides. Desempenha com sua homeostase um papel importante na função normal do corpo. O magnésio intravenoso pré-operatório pode reduzir o consumo de opioides e, em menor grau, as escalas de dor nas primeiras 24 horas do pós-operatório, sem qualquer efeito adverso grave reportado e é usado como adjuvante para analgesia durante e após cirurgias[60].

O magnésio (Mg) é um elemento essencial bloqueador de canais de cálcio e antagonista não competitivo do receptor de N-metil-D-aspartato com propriedades analgésicas[61]

A primeira possibilidade se baseia na observação que os bloqueadores dos canais de cálcio têm ação antinociceptiva em testes audiométricos em ratos sob condições agudas[62] [63]. Em humanos, os bloqueadores dos canais de cálcio podem aumentar a analgesia por opiáceos em pacientes com câncer tratados cronicamente com morfina[64]. A ação analgésica dos bloqueadores dos canais de cálcio pode ser mediada por um aumento do limiar nociceptivo resultante da interferência no influxo de cálcio, pois este último é importante para a liberação de neurotransmissores e outras substâncias implicadas na nocicepção e inflamação.

A segunda explicação possível para a ação analgésica do magnésio é o seu antagonismo do receptor NMDA. O receptor NMDA, um receptor de aminoácido responsável pela transmissão sináptica excitatória, possui sítios modulatórios positivos (sítios de ligação ao NMDA) para aminoácidos excitatórios, como glutamato, e sítios modulatórios negativos (sítio de ligação da fenilciclidina) para cetamina ou magnésio. Além disso, este receptor é acoplado a um canal iônico permeável a K + e Ca +. Segundo Coderre, o magnésio bloqueia as correntes induzidas por NMDA de maneira dependente de voltagem, bloqueando os efeitos do canal receptor[65].

Farmacocinética: início de ação: 1 h (IV); pico de ação: < 30 min; duração: 0,5-4 h; não metabolizado; excretado pela urina.

Farmacodinâmica: depressão do SNC e da respiração; vasodilatação e prolongamento do BNM; sonolência e paralisia flácida; redução da PA; prolongamentos PR; intervalo QT e QRS.

Contraindicações: bloqueios cardíacos; insuficiência renal.

Interações: cardiotoxicidade quando associado com digoxina; o cálcio neutraliza os efeitos colaterais; potencializa os efeitos depressores dos agentes anestésicos.

Atenção: evitar em pacientes com insuficiência renal.

Doses de ataque: 30-50 mg/kg (infusão lenta em 15-30 minutos)

Manutenção - 10-15 mg/kg/h

 

ANALGESIA MULTIMODAL NO CONTEXTO DA PANDEMIA POR COVID-19

 

O agravamento da pandemia pelo Covid-19 em todo o território nacional, determinou um aumento da necessidade de vagas de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) assim como um aumento considerável do consumo de medicamentos sedativos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares, usados nos procedimentos de intubação traqueal e na manutenção de ventilação mecânica para suporte ventilatório e permanência prolongada nas UTIs.

A situação do aumento de consumo vem gerando situações de colapso por falta de abastecimento dessas medicações indispensáveis para o manejo do paciente crítico em geral e do paciente com Covid-19 em particular, especialmente aqueles com quadros de Síndrome de Desconforto Respiratório Aguda (SARA) grave.

Esse cenário de excepcional e extrema gravidade está levando ao inevitável desafio de buscar alternativas de contingenciamento de uso de medicamentos, através do uso de terapias alternativas que permitam uma racionalização do uso sem prejudicar a eficácia e segurança do tratamento.

Nesse sentido, os tradicionais protocolos de analgesia, sedação e uso de bloqueio neuromuscular baseados nas drogas convencionais precisam se adequar de forma emergencial permitindo o uso de drogas não convencionais, algumas em caráter off-label e outras com poucos estudos em UTI, mas já consolidadas em outros cenários como aqueles pertencentes ao campo da anestesiologia.

Nesse sentido, sociedades importantes como a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) juntamente com a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMED), a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), o Instituto para Práticas Seguras do Uso de Medicamentos (ISMPBr) e a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (SBRAFH), sensíveis à necessidade de dar suporte a terapias farmacológicas/adjuvantes, recentemente publicaram um documento conjunto no qual recomendam[66]:

1. Observância às recomendações de utilização das classes de fármacos, divulgadas anteriormente por estas Sociedades e baseadas nas evidências de boas práticas (anexos 1 e 2);

2. Que todas as unidades hospitalares que utilizam essas classes de fármacos estejam em constante contato com os serviços de farmácia e de gestão, para conhecimento da situação de estoque e aquisição;

3. Que os responsáveis pelas UTIs e diversos outros setores que também utilizem esses fármacos observem as recomendações de substituições possíveis, elencadas nos anexos 1 e 2;

4. Que os anestesiologistas, em procedimentos anestésico-cirúrgicos, priorizem a utilização de fármacos que não estejam sendo utilizados nas UTIs, como os anestésicos inalatórios e bloqueios regionais, desde que não venham a comprometer a segurança do ato anestésico-cirúrgico;

5. A interrupção provisória no agendamento de procedimentos anestésico-cirúrgicos eletivos nos quais venham a ser utilizados quaisquer desses medicamentos, com a finalidade de poupá-los para as UTIs desabastecidas conforme as orientações da Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº06/2020 (anexo);

6. Observância às recomendações apresentadas pela Associação Médica Brasileira (AMB), tais como: distanciamento social; uso correto de máscara; iniciativas contínuas de testagem e rastreio de contatantes e vacinação em larga escala (“Carta dos Médicos do Brasil à Nação” em https://amb.org.br/noticias/amb-e-especialidades-nota-sobre-a-gravidade-da-covid-1);

7. Apoio às ações restritivas de mobilidade social como medida de redução de novos casos de Covid19 e consequente atenuação na procura por leitos de UTI;

8. Instituição de medidas administrativas que facilitem a importação desses medicamentos, com a maior celeridade possível e busca ativa por aquisições/doações por parte de países com estoques.

No seu Anexo 1, estabelecem diretrizes para o manejo da dor, sedação e bloqueio neuromuscular, destacando-se as seguintes:

I. Tratar a dor antes.

II. Para pacientes fora da ventilação mecânica ou em ventilação mecânica capazes de se comunicar e de relatar a dor:

1. Uso da Escala Numérica de Avaliação (NRS) de 0 a 10 administrada verbal ou visualmente (> 4 dores moderada; > 7 dores intensa) idealmente aplicada a cada 2 - 4 horas, juntamente com a aferição dos sinais vitais deve ser usado para monitorar a intensidade da;

2. Sugere-se opiáceos como os agentes primários para o tratamento destes pacientes com dor moderada a intensa. Na dor moderada opiáceos fracos são sugeridos, tanto administrados por via oral, quanto endovenosa. Assim são opções adequadas o uso de codeína ou tramadol. Para dor intensa se sugere uso de opiáceos fortes parenterais, neste contexto uso de morfina endovenosa (EV) ou subcutânea ou fentanil EV são opções adequadas;

3. Em situações críticas, onde mensuração frequente da dor pela NRS não é possível, o uso preemptivo de opiáceos fracos em doses fixas é uma opção para controle parcial da dor, com uso de opiáceos fortes de forma intermitente;

4. Para paciente com uso frequente de opiáceos fortes agentes poupadores de opiáceos como analgésicos simples (paracetamol e dipirona, dexmedetomidina, clonidina) podem ser utilizados para redução da dose e frequência de administração de opiáceos.

III. Para pacientes sob ventilação mecânica incapazes de se comunicar, onde pode-se observar comportamento:

1.  A avaliação da dor deve ser realizada preferencialmente com escalas padronizadas, tipo Behavioral Pain Scale (BPS) em pacientes intubados com valor > 3 indicando dor e > 5 indica dor significativa; e a Critical-Care Pain Observation Tool (CPOT) com valor > 3 indica dor;

2. Para estes pacientes opiáceos EV contínuos são medicamentos primários para controle da dor, devendo as doses serem ajustadas para manter BPS < 5 ou CPOT < 3. Para tanto, dá-se preferência para opiáceos fortes de meia-vida curta como fentanil, remifentanil ou sufentanil. Na carência destes, morfina pode ser utilizada de forma contínua ou como doses fixas intermitentes;

3. Estratégias multimodais para redução de opiáceos podem ser utilizadas com o uso de dextrocetamina em dose analgésica ou dexmedetomidina EV contínuos;

4. No contexto onde as escalas não possam ser aplicadas, se sugere uso EV contínuo de doses baixas de opiáceos fortes, preferencialmente de meia-vida curta como tratamento preemptivo da dor;

5. Sugere-se ainda bolus de opiáceo forte, antes de bolus de sedativos, se dissincronia na ventilação mecânica (após otimizar a mesma) ou agitação psicomotora.

IV. Pacientes sob ventilação mecânica e sedação profunda, particularmente com bloqueio neuromuscular (BNM), nos quais não é possível observar comportamentos

1. Se sugere uso preemptivo de analgésicos opiáceos fortes EV contínuos. Como não é possível determinar precisamente a dose com utilização de escalas se sugere utilizar a menor dose efetiva utilizada anteriormente quando quantificação de dor era possível ou utilizar doses baixas a moderadas de opiáceos EV contínuos.

2. O índice bioespectral (BIS) pode ser utilizado como ferramenta na avaliação da sedação nos pacientes em uso de BNM.

V. Monitorização da Sedação

1. Usar as escalas de RASS ou Ramsay idealmente de 4/4h, no mínimo 12/12h.

2. Salvo exceções, evitar sedação profunda. Meta de sedação: RASS -1 a 0.

3. Indicações de sedação profunda (RASS -4 a -5): Pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) grave (P/F < 100) e/ou com necessidade de BNM e/ou posição prona.

4. A sedação profunda deverá ser mantida pelo menos até a suspensão do BNM.

5. Após a suspensão do BNM, a redução da sedação deverá ser realizada conforme a melhora clínica do paciente.

VI. Drogas Sedativas

1. Benzodiazepínicos: indutores do sono, diminuem a ansiedade e o tônus muscular, não produzem analgesia. Apresentam como efeitos adversos a depressão cardiorrespiratória. Inúmeros estudos têm associado sua utilização a risco independente de desenvolvimento de delirium.

2. Barbitúricos: atualmente utilizados somente em situações especiais, como hipertensão intracraniana refratária e estado de mal epiléptico. Apresenta como efeitos adversos a depressão do sistema nervoso central, hipotensão arterial e diminuição da contratilidade miocárdica.

3. Propofol: droga de meia-vida curta, largamente utilizada em terapia intensiva. Deve-se ter cautela em infusões superiores a 4 - 5mg/kg/hora, pela possibilidade da síndrome da infusão do propofol, caracterizada, dentre outras coisas, por insuficiência cardíaca, rabdomiólise e hipercalemia. Por ser um lipídio, deve-se incluir a infusão do propofol no cálculo calórico diário (1mL = 1,1kcal). Pacientes que recebem propofol por tempo superior a 48 horas, devem ter mensuradas enzimas hepáticas e triglicérides.

4. Opioides: classe mais utilizada para sedação dentro do ambiente de terapia intensiva, com propriedades analgésicas e sedativas. Dentre os opioides temos diferenças em relação à meia-vida contexto sensitiva, que está diretamente relacionado ao tempo de despertar. Dentre os principais efeitos adversos dos opioides, tem-se a rigidez torácica, náuseas, vômitos e hipotensão arterial.

5. Alfa-2-agonistas: na classe dos alfa-2-agonistas, tem ganho[AB1]  destaque na terapia intensiva, a dexmedetomidina, com propriedades sedativas, hipnóticas e analgésicas. Tem como benefício não produzir depressão respiratória. O principal efeito adverso está relacionado à bradicardia.

VII. Neuroléptico Adjuvante

1. Para controle dos sintomas de delirium.

2. Os principais neurolépticos disponíveis no Brasil e estudados no ambiente de terapia intensiva são: haloperidol, quetiapina, olanzapina e risperidona.

3. O haloperidol é o mais utilizado para pacientes críticos, porém está associado a maior presença de efeitos extrapiramidais e seu uso prolongado deve ser monitorado. O seu efeito sedativo inicia-se cerca de 20 minutos após administração, devendo-se respeitar este período de resposta à dose. O uso de neurolépticos é feito via IM (única autorizada no Brasil pela Anvisa). Quando optado pela via EV, deve ser realizado com cautela nos pacientes com risco de arritmia ou intervalo QT longo (QTc > 460ms). Doses elevadas devem ser utilizados com os pacientes monitorizados.

VIII. Bloqueadores neuromusculares (BNM)

Os BNM bloqueiam a transmissão de impulsos na junção neuromuscular, assim paralisando a musculatura esquelética. Bloqueiam a ligação da acetilcolina (Ach) na placa motora, seja por ligar-se aos receptores colinérgicos (bloqueadores despolarizantes) ou por criar inibição competitiva com o receptor de Ach na placa motora. Em UTIs apresentam algumas indicações, que devem ser criteriosamente avaliadas.

Indicações

1. Falência respiratória necessitando de intubação imediata

2. Hipoxemia grave e refratária. Contribui na diminuição do trabalho respiratório e consumo de oxigênio por abolir o tônus muscular. Pode apresentar maior benefício nos casos de dissincronia com o ventilador mecânico (VM)

3. Tremor no tratamento por hipotermia após parada cardíaca

4.  Situações em que movimentos involuntários ou dissincronia com o VM possam ser deletérios:

·         Tétano ou síndrome neuroléptica maligna

·         Hemoptise severa ou sangramentos controlados

·         Aumento grave da pressão intracraniana

·         Aumento grave da pressão intra-abdominal

Diretrizes para uso

1. O armazenamento e manejo devem ser orientados e adequados seguindo as recomendações de cada fármaco, a fim de não diminuir eficácia

2. Os BNM não são a primeira opção para o manejo dos pacientes de UTI em VM, logo deve-se avaliar criteriosamente as indicações. Não se deve tratar crises graves de epilepsia com BNM pois podem mascarar eventos que não serão tratados.

3. Atenção para os riscos de lesão de córnea e lesões cutâneas por pressão

4. O risco de tromboembolismo tende a aumentar com a imobilidade dos pacientes

5. Os BNM sabidamente têm como efeitos adversos: reações alérgicas, hipotensão e a paralisia prolongada de pacientes críticos relacionam-se com alguns casos de perda de força muscular adquirida

6. A maioria das doses de BNM devem-se basear no peso IDEAL, contudo deve-se preparar sempre para ajustes que devem ser observados clinicamente; mas preferencialmente por monitorização da Junção Neuromuscular.

7. Deve-se realizar avaliações diárias da necessidade do BNM, e na decisão de cessação do BNM não há necessidade de escalonamento (“desmame”)

8. Durante a intubação endotraqueal usar lidocaína como adjuvante de forma a inibir o reflexo de tosse e atenuar o aumento da resistência nas vias aéreas secundária ao estímulo irritativo do tubo orotraqueal, principalmente durante a aspiração.

9. Priorizar rocurônio e succinilcolina para os procedimentos de intubação traqueal;

10. Os demais bloqueadores neuromusculares, como cisatracúrio, atracúrio, vecurônio e pancurônio, devem ser priorizados para a manutenção ventilação mecânica, especialmente com a perda do sincronismo com o ventilador mecânico.

11. O uso de BNM deve ser evitado, exceto em situações em que relação PaO2/FiO2 < 150 associado à assincronia, apesar da sedação profunda ou ventilação não protetora (PPplat > 30cmH2O ou VC > 8-10mL/Kg).

12. Em situações da necessidade de infusão contínua de bloqueador neuromuscular (BNM), tentar utilizar na menor dose possível que permita o sincronismo com o ventilador, preferencialmente por um período de até 48 horas.

13. A utilização de BNM deve ser reavaliada de forma rotineira a cada 12 horas e, preferencialmente e quando disponível, com a avaliação da contração muscular com o “TOF” (“train-of-four”);

14. Em pacientes em uso de BNM os parâmetros fisiológicos não são adequados para monitorar os níveis de analgesia e sedação, recomendando-se, se disponível com Índice Bispectral (BIS), com meta entre 40 e 45.

 

PROTOCOLO DE TERAPIA ADJUVANTE EM SITUAÇÃO DE ESGOTAMENTO DAS MEDICAÇÕES CONVENCIONAIS PARA ANALGESIA, SEDAÇÃO E BNM.

 

I. ANALGESIA MULTIMODAL (SOLUÇÃO MISTA):

Medicamentos e doses:

1. Lidocaína 2% sem epinefrina (ampola de 20ml com 20mg/ml): 1 – 2mg/kg/h

2. Cetamina (ampola de 2ml com 50mg/ml): 0.1 – 0.5mg/kg/h

3. Dexmedetomidina (ampola de 2ml com 100mcg/ml): 0.1 – 0.5 mcg/kg/h

OU Clonidina (ampola de 1ml com 150mcg/ml): 0.1 a 2mcg/kg/h

4. Sulfato de magnésio (ampolas de 10ml com 5gr (50%) e 1gr (10%): 10 – 15 mg/kg/h

Orientações

- Usar doses baixas a moderadas das drogas adjuvantes.

- Reduzir a analgesia e sedação em uso a cada 2 horas de forma progressiva mantendo a meta de BPS e RASS.

- A analgesia multimodal não substitui a analgesia e sedação, mas reduz sua titulação

- Preparar soluções para no máximo 6 horas. Renovar a solução caso exista boa resposta.

- No possível, evitar uso da solução mista por período > 48 horas.

- Atenção aos efeitos adversos das drogas

- Atenção para a monitorização cardíaca com ECG contínuo

- Atenção para ocorrência de hipermagnesemia moderada a grave. Dosar Mg sérico de 4/4horas, no mínimo de 8/8h (usando doses de 10mg/kg/h). Suspender se magnesemia em níveis moderadamente altos ≥4mg/dl. Para converter em mmol/L ou mEq/L usar a calculadora: https://www.rccc.eu/ppc/calculadoras/conversor/elect.html (1,65mmol/L ou 3.33 mEq/L).

- Os sinais e sintomas relativos à hipermagnesemia são resultantes dos efeitos farmacológicos do aumento da concentração de magnésio nos sistemas nervoso e cardiovascular. Em concentrações até 3,6 mg/dL, a hipermagnesemia é assintomática. Subsequentemente, pode ocorrer perda dos reflexos tendíneos musculares profundos, quando a concentração sérica de magnésio se encontra em torno de 7,2 mg/dL. Concentrações acima deste nível podem ocasionar paralisia respiratória, hipotensão, anormalidades de condução cardíaca e perda de consciência.

- Em caso de níveis elevados altos de magnésio devem interromper imediatamente administração da analgesia multimodal e proceder a administrar de forma intravenosa sais de cálcio (10 mL de gluconato de cálcio a 10% durante 5 a 10 minutos) para reverter os efeitos neurais da hipermagnesemia.

- Em caso de suspeita de efeitos adversos da lidocaína, administrar Intralipid 20%, bolus de 1.5 mg/kg EV em 1 minuto (100 ml em adultos). Repita a cada 5 min até um máximo de 3 vezes. Inicie infusão 15 ml/kg/h (1000 ml/h in adultos)

Exemplos:

1. Paciente de 60 Kg.

Lidocaina: 1.1 mg/kg/h x 6 horas = 396mg/20ml = 20ml (1 ampola)

Cetamina: 0.5mg/kg/h x 6 horas = 180mg/50mg = 3,6ml

Dexmedetomida: 0.5mcg/kg/h x 6 horas = 180mcg/100 = 1.8ml

Sulfato de magnésio: 10%: 10mg/kg/h x 6 horas = 3,600mg = 3.6gr = 36ml

Solução terá: 20 + 3,6 + 1,8 + 36 = 61,4ml

Completar com 88.6ml de SF 0.9%

Solução total = 150ml. Infundir a 25ml/h (completará em 6 horas).

 

2. Paciente de 70kg

Lidocaina: 1 mg/kg/h x 6 horas = 420mg/20ml = 21ml (aprox.20ml)

Cetamina: 0.5mg/kg/h x 6 horas = 210mg/50mg = 4.2ml (aprox. 4ml)

Dexmedetomida: 0.5mcg/kg/h x 6 horas = 210mcg/100 = 2.1 ml (aprox. 2ml)

Sulfato de magnésio: 10%: 10mg/kg/h x 6 horas = 4,200mg = 4.2gr = 42ml (aprox. 40ml)

Solução terá: 20 + 4 + 2 + 40 = 66ml

Completar com 84ml de SF 0.9%

Solução total = 150ml. Infundir a 25ml/h (completará em 6 horas).

 

II. BARBITÚRICO[67] [68] [69]

Tiopental: pó de 500mg e 1gr. Também conhecido como tionembutal e pentotal sódico.

O Tiopental é um anestésico barbitúrico de ação curta. Deprime o sistema nervoso central, produz hipnose e anestesia. Não tem efeito analgésico.  Parece atuar aumentando as respostas ao ácido gamma aminobutírico (GABA).

O tiopental deprime diretamente a contratilidade miocárdica, reduzindo o débito cardíaco e pressão arterial. Pode haver taquicardia reflexa. Ocorre também diminuição do tônus venoso, causando represamento de sangue nas veias periféricas, o que aumenta a magnitude da hipotensão, particularmente em pacientes hipovolêmicos.

Depressão ventilatória é comum e um período de apneia ocorre habitualmente após uma dose em bolus.

Reflexos de via aérea são bem preservados em comparação com o propofol, de modo que é uma droga inadequada para inserção de máscara laríngea, que pode resultar em tosse e laringoespasmo.

Liberação de histamina pode ocorrer e precipitar broncoespasmo e anafilaxia.

O tiopental reduz o fluxo sanguíneo cerebral, a taxa metabólica cerebral e a demanda de oxigênio (manejo da hipertensão intracraniana grave).

Tem também potentes propriedades anticonvulsivantes (manejo do estado de mal convulsivo refratário).

Após traumatismo cranioencefálico, tiopental em infusão objetivando um “coma barbitúrico” reduz a pressão intracraniana e pode melhorar o prognóstico neurológico. Contudo, isso é associado a acumulação significativa, que resulta em efeito prolongado com múltiplas complicações.

Uso além das indicações citadas, diante do total esgotamento de medicações sedativas durante pandemia, será uma indicação de excepcional caráter emergencial, devendo-se titular na menor dose possível que possibilite a ventilação mecânica do paciente.

A dose anestésica: 2 - 5 mg/kg provoca depressão respiratória

Coma barbitúrico: infusão contínua de 1 a 5 mg/kg/h

 

III. DIAZEPAM EM INFUSÃO CONTÍNUA

Conformes informações contidas nas bulas oficiais registradas na Anvisa[70], diazepam é um hipno-sedativo da classe dos benzodiazepínicos que aumenta a ligação de ácido gama-aminobutírico (GABA), potente depressor do SNC, a receptores específicos, situados principalmente em sistema límbico e formações reticulares neocortical e mesencefálica, produzindo efeitos ansiolíticos, sedativos, hipnóticos, miorrelaxantes, anticonvulsivantes e efeitos amnésicos. Os benzodiazepínicos podem produzir todos os níveis de depressão do sistema nervoso central, de sedação moderada a hipnose e coma. A curva concentração plasmática/tempo do diazepam é bifásica: uma fase de distribuição inicial rápida e intensa, com uma meia-vida que pode chegar a 3 horas e uma fase de eliminação terminal prolongada (meia-vida de 20-50 horas). A meia-vida de eliminação terminal (t1/2) do metabólito ativo nordiazepam é de aproximadamente 100 horas, dependendo da idade e da função hepática. O diazepam e seus metabólitos são eliminados principalmente pela urina (cerca de 70%), sob a forma livre ou predominantemente conjugada.

Trata-se de uma droga amplamente usada na UTI, usado por via endovenosa em bolus lento e sem diluição, inicialmente na dose de 10mg em adultos (não ultrapassar 40mg) e 0,2 a 0,3mg/kg em crianças, não excedendo a velocidade de infusão de 2 a 5 mg/min em adultos e 1mg/kg/min em crianças. O seu uso na sedação intermitente, apresenta alto índice terapêutico e propriedades ansiolíticas, sedativas e anticonvulsivantes e certo grau de relaxamento muscular que o tornaram a classe de sedativos mais utilizados em terapia intensiva. Dentre os agentes mais utilizados, o diazepam é a melhor escolha para períodos mais longos sob sedação, pois em tais casos a produção de metabólitos ativos não representa problemas. A dose preconizada é de 0,1 a 0,2 mg.kg-1, e a administração por via parenteral é dolorosa, especialmente devido ao emprego de propilenoglicol como solvente, devendo ser administrada sempre separadamente, pois ela é incompatível com as soluções aquosas de outros medicamentos (precipitação do princípio ativo).

Embora a infusão intravenosa contínua de diazepam não é recomendada por causa da possibilidade da precipitação de diazepam em fluido intravenoso e a adsorção do medicamento nas bolsas e tubos de infusão feita de plástico, a própria bula oficial traz como exceção seu uso nos casos de tétano, recomendando o uso de 0,1 - 0.3 mg/kg/peso corpóreo administradas IV em intervalos de 1 - 4 horas. Alternativamente por infusão contínua ou sonda nasogástrica (3-4 mg/kg/peso em 24 horas). Para tanto faz a seguinte recomendação quando uado em perfusão: Perfusão: o diazepam permanece estável em solução de glicose a 5% ou 10% ou em solução isotônica de cloreto de sódio, desde que se misture rapidamente o conteúdo das ampolas (máximo 4mL) ao volume total de solução (mínimo 250mL), utilizando a mistura após o preparo.

Entretanto, referencias em bulas internacionais se tem como recomendação para tétano:    Inicialmente, uma dose IV de 0,1 - 0,3 mg/kg de peso corporal, repetida em intervalos de 1 - 4 horas. A infusão intravenosa contínua de 3 a 10 mg/kg de peso corporal por 24 horas também pode ser usada. A dose escolhida deve estar relacionada à gravidade do caso e, em casos extremamente graves, doses mais elevadas têm sido utilizadas. A injeção de diazepam não deve ser misturada com outros medicamentos ou fluidos IV e normalmente não deve ser diluída, exceto quando administrada lentamente em grandes infusões intravenosas de solução salina normal ou glicosada. Não devem ser adicionados mais de 40 mg de diazepam a 500 ml de solução para perfusão. A solução deve ser preparada de fresco e usada dentro de seis horas.[71]

Portanto, no caso desta situação excepcional para sedação em UTI, o uso da infusão endovenosa contínua, seguindo as orientações de uso par tétano, seria com base no uso off-label, que deverá, no entanto, tomar todas as cautelas também recomendadas para casos de tétano.

 

IV. OUTRAS TERAPIAS DE MANEJO DO INTENSIVISTA

Deverão ser usadas em simultâneo com a analgesia multimodal e as drogas convencionais em redução.

Opioides

a. Tramadol:  bolus EV: 100mg de 6/6h. Opção enteral: comprimidos de 100mg, solução oral 100mg/ml (23 gotas = 1ml)

b. Codeína enteral: comprimidos de 30 mg e 60 mg 6/6h. Solução oral de 3 mg/ml.    

c. Metadona: bolus EV: de 10 mg de 6/6h. Opção enteral: comprimidos de 10 mg

d. Morfina enteral: comprimidos de 10 e 30 mg, solução 10mg/ml (23 gotas = 1ml)

 

Anticonvulsivantes

a. Carbamazepina enteral: 200 mg a 1.200mg/dia (comprimidos de 200mg), solução oral 20mg/ml

b. Gabapentina enteral: 400mg a 1.200mg/dia (comprimidos de 300mg e 400mg)

c. Pregabalina enteral: 75mg a 300mg/dia (comprimidos de 75mg e 150mg)

 

Neurolépticos

a. Haloperidol IM (intramuscular) - 2,5mg (0,5 ml) a 5mg (1ml) de 8/8h (ampola 5mg/ml). Opção enteral: 1 a 15 mg/dia (comprimidos de 1mg e 5mg)

b. Clorpromazina IM (intramuscular) – 5mg a 400mg/dia (ampola 25mg/5ml).

Opção enteral: 25 a 400mg/dia (comprimidos de 25mg e 100mg, solução gotas 4%: 40mg/ml)

c. Periciazina enteral: 1 a 25 mg/dia (comprimidos de 10mg, solução gotas 1%:10mg/ml – 4 gotas = 1mg e 4%: 40mg/ml)

 

Outros fármacos

a. Lorazepam enteral: 1 a 10mg/dia (comprimidos de 2mg)

b. Olanzapina enteral: 5 a 20 mg/dia (comprimidos orais dispersíveis de 10mg)

c. Quetiapina enteral: 25 a 400mg/dia (comprimidos de 25mg, 50 mg e 100mg)

d. Risperidona enteral: 2 a 6mg/dia (comprimidos de 0,5mg, 1mg, 2mg e 3mg); solução 1mg/ml em apresentação de 30 ml

 

V. TERAPIA ANESTÉSICA

 A situação de excepcionalidade que enfrentamos e, considerando o estado crítico do paciente na UTI que demanda medicações sedativas, analgésicas e de BNM que podem chegar a níveis de esgotamento total, tem levado também a considerar a possibilidade de uso de anestésicos inalatórios (AIs) no cenário da UTI.

Para tanto, recentemente, em 01.04.2021, em Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) juntamente a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), publicaram NOTA SOBRE A EXCEPCIONALIDADE DO USO DE ANESTÉSICOS INALATÓRIOS COMO ALTERNATIVA AOS AGENTES SEDATIVOS/HIPNÓTICOS USUAIS, EM SITUAÇÃO DE ESCASSEZ[72].

Referido documento baliza em caráter de excepcionalidade o uso de anestésicos inalatórios (Ais) como alternativa substitutiva e complementar à sedação endovenosa na UTI, em algumas situações peculiares, com o emprego adequado de equipamentos apropriados e treinamento dos profissionais que os utilizarão. A nota menciona que as técnicas de sedação com AIs em UTI já são utilizadas em outros países por meio de dispositivos especialmente desenvolvidos para a sua administração nesses setores de forma segura e eficiente, com vantagens e desvantagens bem estabelecidas, mas que tais dispositivos ainda não têm aprovação de uso e comercialização pela ANVISA e, por conseguinte, estão indisponíveis no Brasil.

No entanto, ambas entidades científicas entendem que, neste momento de excepcionalidade, determinado pelo alto consumo de sedativos/hipnóticos devido à pandemia, os AIs podem vir a ser empregados quando houver:

1. Desprovimento ou relevante escassez, nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), de fármacos sedativos/hipnóticos usualmente utilizados com essa finalidade;

2. Estoque adequado e suficiente de AI que não venha a comprometer seu emprego em salas de operações para procedimentos anestésico-cirúrgicos essenciais/emergenciais;

3. Equipamento de administração aprovado pela Anvisa e com segurança comprovada (conforme lista em anexo da nota).

4. Profissionais de saúde treinados e capacitados no manuseio de sua administração sob a supervisão de anestesiologistas;

5. Equipamento de análise e monitoração das concentrações administradas e expiradas (conforme lista em anexo da nota).

6. Entendimento pelos responsáveis técnicos dos EAS que o método é excepcional e ajusta-se, tão somente, como alternativa transitória até que o estoque dos sedativos/hipnóticos usuais seja reestabelecido.

Em conclusão, os Ais poderão ser usados desde que exista supervisão do profissional anestesiologista, treinamento do médico intensivista (ou do médico atuante como plantonista na UTI) e disponibilidade dos equipamentos de administração e monitorização anestésica previamente aprovados pela Anvisa.

 

 

 

 



[1] White PF, Kehlet H, Neal JM, et al; Fast-Track Surgery Study Group: The role of the anesthesiologist in fast-track surgery: From multimodal analgesia to perioperative medical care. Anesth Analg 2007; 104:1380–1396

[2] Kehlet H, Dahl JB. The value of “multimodal” or “balanced analgesia” in postoperative pain treatment. Anesth Analg 1993;77:1048 –56.

[3] Jin F and Chung F (2001) Multimodal Analgesia for Postoperative Pain Control. Journal of Clinical Anesthesia 13:524-539.

[4] Chou R, Gordon DB, de Leon-Casasola OA, et al. Management of postoperative pain: a clinical practice guideline from the American Pain Society, the American Society of Regional Anesthesia and Pain Medicine, and the American Society of Anesthesiologists’ Committee on Regional Anesthesia, Executive Committee, and Administrative Council. J Pain. 2016;17(2):131-157

[5] Faust AC, Rajan P, Sheperd LA, Alvarez CA, McCorstin P, Doebele RL et al. (2016) Impact of an Analgesia-Based Sedation Protocol on Mechanically Ventilated Patients in a Medical Intensive Care Unit. Anesthesia Analgesia, 123(4):903-9

[6] Devlin JW, Skrobik Y, Gélinas C, Needham DM, Slooter AJC, Pandharipande PP et al. (2018) Clinical Practice Guidelines for the Prevention and Management of Pain, Agitation/Sedation, Delirium, Immobility, and Sleep Disruption in Adult Patients in the ICU. Critical Care Medicine, 46(9):e825-e873.

[7] Payen JF, Genty C, Mimoz O, Mantz J, Bosson JL, Chanques G et al. (2013) Prescribing nonopioids in mechanically ventilated critically ill patients. Journal of Critical Care, 28(4):534.e7-12.

[8] Jakob et al. (2012) Dexmedetomidine vs. midazolam or propofol for sedation during prolonged mechanical ventilation: two randomized controlled trials. JAMA, 307(11):1151-60.

[9] Capdevila, X. (2019, Spring). Pain management through multimodal analgesia in the ICU: ICU Management and Practice, Volume 19, Edição 1. Recuperado de https://healthmanagement.org/uploads/article_attachment/icu-v19-i1-xavie... (VI-VIII).

[10] Analgesia for the critically ill patient. August 9, 2020 by Josh Farkas. Acessível em https://emcrit.org/ibcc/pain/

[11] Jouguelet-Lacoste J, La Colla L, Schilling D, Chelly JE. The use of intravenous infusion or single dose of low-dose ketamine for postoperative analgesia: a review of the current literature. Pain Med. 2015;16(2):383-403. doi:10.1111/pme.12619

[12] Guillou N, Tanguy M, Seguin P, Branger B, Campion JP, Mallédant Y. The effects of small-dose ketamine on morphine consumption in surgical intensive care unit patients after major abdominal surgery. Anesth Analg. 2003;97(3):843-847. doi:10.1213/01.ane.0000075837.67275.36

[13] Moitra VK, Patel MK, Darrah D, Moitra A, Wunsch H. Low-Dose Ketamine in Chronic Critical Illness. J Intensive Care Med. 2016;31(3):216-220. doi:10.1177/0885066615587868 

[14] Buchheit JL, Yeh DD, Eikermann M, Lin H. Impact of Low-Dose Ketamine on the Usage of Continuous Opioid Infusion for the Treatment of Pain in Adult Mechanically Ventilated Patients in Surgical Intensive Care Units. J Intensive Care Med. 2019;34(8):646-651. doi:10.1177/0885066617706907

[15] Joly V, Richebe P, Guignard B, et al. Remifentanil-induced postoperative hyperalgesia and its prevention with small-dose ketamine. Anesthesiology. 2005;103(1):147-155. doi:10.1097/00000542-200507000-00022

[16] Visser E, Schug SA. The role of ketamine in pain management. Biomed Pharmacother. 2006;60(7):341-348. doi:10.1016/j.biopha.2006.06.021

[17] Barr J, Fraser GL, Puntillo K, et al. Clinical practice guidelines for the management of pain, agitation, and delirium in adult patients in the intensive care unit. Crit Care Med. 2013;41(1):263-306. doi:10.1097/CCM.0b013e3182783b72

[18] Angst MS, Koppert W, Pahl I, Clark DJ, Schmelz M. Short-term infusion of the mu-opioid agonist remifentanil in humans causes hyperalgesia during withdrawal. Pain. 2003;106(1-2):49-57. doi:10.1016/s0304-3959(03)00276-8

[19] Moitra VK, Patel MK, Darrah D, Moitra A, Wunsch H. Low-Dose Ketamine in Chronic Critical Illness. J Intensive Care Med. 2016;31(3):216-220. doi:10.1177/0885066615587868

[20] Rasmussen KG, Lineberry TW, Galardy CW, et al. Serial infusions of low-dose ketamine for major depression. J Psychopharmacol. 2013;27(5):444-450. doi:10.1177/0269881113478283  [

[21] Zarate CA Jr, Singh JB, Carlson PJ, et al. A randomized trial of an N-methyl-D-aspartate antagonist in treatment-resistant major depression. Arch Gen Psychiatry. 2006;63(8):856-864. doi:10.1001/archpsyc.63.8.856 

[22] Perbet S, Verdonk F, Godet T, et al. Low doses of ketamine reduce delirium but not opiate consumption in mechanically ventilated and sedated ICU patients: A randomised double-blind control trial. Anaesth Crit Care Pain Med. 2018;37(6):589-595. doi:10.1016/j.accpm.2018.09.006

[23] Jouguelet-Lacoste J, La Colla L, Schilling D, Chelly JE. The use of intravenous infusion or single dose of low-dose ketamine for postoperative analgesia: a review of the current literature. Pain Med. 2015;16(2):383-403. doi:10.1111/pme.12619

[24] Joly V, Richebe P, Guignard B, et al. Remifentanil-induced postoperative hyperalgesia and its prevention with small-dose ketamine. Anesthesiology. 2005;103(1):147-155. doi:10.1097/00000542-200507000-00022

[25] Forero M, Chan PS, Restrepo-Garces CE. Successful reversal of hyperalgesia/myoclonus complex with low-dose ketamine infusion. Pain Pract. 2012;12(2):154-158. doi:10.1111/j.1533-2500.2011.00475.x

[26] Ishihara H, Satoh Y, Kudo H, Yasuda T, Koh H, Matsuki A. No psychological emergence reactions in schizophrenic surgical patients immediately after propofol, fentanyl, and ketamine intravenous anesthesia. J Anesth. 1999;13(1):17-22. doi:10.1007/s005400050016

[27] Nitta R, Goyagi T, Nishikawa T. Combination of oral clonidine and intravenous low-dose ketamine reduces the consumption of postoperative patient-controlled analgesia morphine after spine surgery. Acta Anaesthesiol Taiwan. 2013;51(1):14-17. doi:10.1016/j.aat.2013.03.003 

[28] Nama S, Meenan DR, Fritz WT. The use of sub-anesthetic intravenous ketamine and adjuvant dexmedetomidine when treating acute pain from CRPS. Pain Physician. 2010;13(4):365-368.

[29] Sollazzi L, Modesti C, Vitale F, et al. Preinductive use of clonidine and ketamine improves recovery and reduces postoperative pain after bariatric surgery. Surg Obes Relat Dis. 2009;5(1):67-71. doi:10.1016/j.soard.2008.09.018

[30] Cohen SP, Bhatia A, Buvanendran A, et al. Consensus Guidelines on the Use of Intravenous Ketamine Infusions for Chronic Pain From the American Society of Regional Anesthesia and Pain Medicine, the American Academy of Pain Medicine, and the American Society of Anesthesiologists. Reg Anesth Pain Med. 2018;43(5):521-546. doi:10.1097/AAP.0000000000000808 

[31] Schwartzman RJ, Alexander GM, Grothusen JR, Paylor T, Reichenberger E, Perreault M. Outpatient intravenous ketamine for the treatment of complex regional pain syndrome: a double-blind placebo controlled study. Pain. 2009;147(1-3):107-115. doi:10.1016/j.pain.2009.08.015 

[32] Jevtovic-Todorovic V, Wozniak DF, Powell S, Nardi A, Olney JW. Clonidine potentiates the neuropathic pain-relieving action of MK-801 while preventing its neurotoxic and hyperactivity side effects. Brain Res. 1998;781(1-2):202-211. doi:10.1016/s0006-8993(97)01247-x  [

[33] Trivedi S, Kumar R, Tripathi AK, Mehta RK. A Comparative Study of Dexmedetomidine and Midazolam in Reducing Delirium Caused by Ketamine. J Clin Diagn Res. 2016;10(8):UC01-UC4. doi:10.7860/JCDR/2016/18397.8225

[34] Handa F, Tanaka M, Nishikawa T, Toyooka H. Effects of oral clonidine premedication on side effects of intravenous ketamine anesthesia: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. J Clin Anesth. 2000;12(1):19-24. doi:10.1016/s0952-8180(99)00131-2

[35] Lenze EJ, Farber NB, Kharasch E, et al. Ninety-six hour ketamine infusion with co-administered clonidine for treatment-resistant depression: A pilot randomised controlled trial. World J Biol Psychiatry. 2016;17(3):230-238. doi:10.3109/15622975.2016.1142607

[36] Davies MF, Reid K, Guo TZ, Agashe GS, Amin YK, Maze M. Sedative but not analgesic alpha2 agonist tolerance is blocked by NMDA receptor and nitric oxide synthase inhibitors. Anesthesiology. 2001;95(1):184-191. doi:10.1097/00000542-200107000-00029

[37] Gagnon DJ, Fontaine GV, Riker RR, Fraser GL. Repurposing Valproate, Enteral Clonidine, and Phenobarbital for Comfort in Adult ICU Patients: A Literature Review with Practical Considerations. Pharmacotherapy. 2017;37(10):1309-1321. doi:10.1002/phar.2017

[38] Cunningham FE, Baughman VL, Peters J, Laurito CE. Comparative pharmacokinetics of oral versus sublingual clonidine. J Clin Anesth. 1994;6(5):430-433. doi:10.1016/s0952-8180(05)80018-2 

[39] Malanga G, Reiter RD, Garay E. Update on tizanidine for muscle spasticity and emerging indications. Expert Opin Pharmacother. 2008;9(12):2209-2215. doi:10.1517/14656566.9.12.2209

[40] Giovannitti JA Jr, Thoms SM, Crawford JJ. Alpha-2 adrenergic receptor agonists: a review of current clinical applications. Anesth Prog. 2015;62(1):31-39. doi:10.2344/0003-3006-62.1.31

[41] Yazicioğlu D, Caparlar C, Akkaya T, Mercan U, Kulaçoğlu H. Tizanidine for the management of acute postoperative pain after inguinal hernia repair: A placebo-controlled double-blind trial. Eur J Anaesthesiol. 2016;33(3):215-222. doi:10.1097/EJA.0000000000000371

[42] Omote K, Satoh O, Sonoda H, Kumeta Y, Yamaya K, Namiki A. Masui. 1995;44(6):816-823.

[43] Talakoub R, Abbasi S, Maghami E, Zavareh SM. The effect of oral tizanidine on postoperative pain relief after elective laparoscopic cholecystectomy. Adv Biomed Res. 2016;5:19. Published 2016 Feb 8. doi:10.4103/2277-9175.175905

[44] Ahiskalioglu A, Yayik AM, Oral Ahiskalioglu E, et al. Ultrasound-guided bilateral superficial cervical block and preemptive single-dose oral tizanidine for post-thyroidectomy pain: a randomized-controlled double-blind study. J Anesth. 2018;32(2):219-226. doi:10.1007/s00540-018-2468-x 

[45] Granfors MT, Backman JT, Neuvonen M, Neuvonen PJ. Ciprofloxacin greatly increases concentrations and hypotensive effect of tizanidine by inhibiting its cytochrome P450 1A2-mediated presystemic metabolism. Clin Pharmacol Ther. 2004;76(6):598-606. doi:10.1016/j.clpt.2004.08.018

[46] Henney HR 3rd, Runyan JD. A clinically relevant review of tizanidine hydrochloride dose relationships to pharmacokinetics, drug safety and effectiveness in healthy subjects and patients. Int J Clin Pract. 2008;62(2):314-324. doi:10.1111/j.1742-1241.2007.01660.x

[47] Ghanavatian S, Derian A. Tizanidine. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020.

[49] Wampole CR, Smith KE. Beyond Opioids for Pain Management in Adult Critically Ill Patients. J Pharm Pract. 2019;32(3):256-270. doi:10.1177/0897190019834479 

[50] Dunn LK, Durieux ME. Perioperative Use of Intravenous Lidocaine. Anesthesiology. 2017;126(4):729-737. doi:10.1097/ALN.0000000000001527

[51] Dunn LK, Durieux ME. Perioperative Use of Intravenous Lidocaine. Anesthesiology. 2017;126(4):729-737. doi:10.1097/ALN.0000000000001527

[52] Samarin MJ, Mohrien KM, Oliphant CS. Continuous intravenous antiarrhythmic agents in the intensive care unit: strategies for safe and effective use of amiodarone, lidocaine, and procainamide. Crit Care Nurs Q. 2015;38(4):329-344. doi:10.1097/CNQ.0000000000000082

[53] Masic D, Liang E, Long C, Sterk EJ, Barbas B, Rech MA. Intravenous Lidocaine for Acute Pain: A Systematic Review. Pharmacotherapy. 2018;38(12):1250-1259. doi:10.1002/phar.2189

[54] Wong BY, Hurwitz A. Simple method for maintaining serum lidocaine levels in the therapeutic range. Arch Intern Med. 1985;145(9):1588-1591.

[55] Williams DR, Stark RJ. Intravenous lignocaine (lidocaine) infusion for the treatment of chronic daily headache with substantial medication overuse. Cephalalgia. 2003;23(10):963-971. doi:10.1046/j.1468-2982.2003.00623.x 

[56] Terkawi AS, Tsang S, Kazemi A, et al. A Clinical Comparison of Intravenous and Epidural Local Anesthetic for Major Abdominal Surgery. Reg Anesth Pain Med. 2016;41(1):28-36. doi:10.1097/AAP.0000000000000332

[57] Samarin MJ, Mohrien KM, Oliphant CS. Continuous intravenous antiarrhythmic agents in the intensive care unit: strategies for safe and effective use of amiodarone, lidocaine, and procainamide. Crit Care Nurs Q. 2015;38(4):329-344. doi:10.1097/CNQ.0000000000000082 

[58] LONGONI, Damon Valandro; STURION, Danielle Mazetto Cadide. USO DO SULFATO DE MAGNÉSIO PARA O TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA ONCOLÓGICA. REVISTA UNINGÁ, [S.l.], v. 56, n. 2, p. 160-169, jun. 2019. ISSN 2318-0579. Disponível em: <http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/view/2735

[59] Recomendação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) para o uso racional de fármacos em anestesia e sedação durante a retomada de procedimentos eletivos. Versão Atualizada 2021. Acessível em: https://www.amib.org.br/fileadmin/user_upload/amib/2021/marco/22/ANEXO_2.pdf

[60] GHAFFARIPOUR, S. et al. The Effect of Intravenous Magnesium Sulfate on Post-Operative Analgesia During Laminectomy. Disponível em: <https://www.cureus.com/articles/4485-the-effect-of-intravenous-magnesium-sulfate-on-post-operative-analgesia-during-laminectomy>. Acesso em: 30 abr. 2018.

[61] AKHTAR, M.; ULLAH, H.; HAMID, M. Magnesium, a drug of diverse use. Journal of the Pakistan Medical Association, Medical College, Pakistan, 2011.

[62] MIRANDA, H. F. et al. Antinociceptive effects of Ca2+ channel blockers. Eur J Pharmacol, v. 217, n. 2 – 3, p. 137-141, jul. 1992.

[63] WONG, C. H. et al. Nifedipine-induced analgesia after epidural injection in rats. Anesthesia and Analgesia, v. 79, n. 2, p. 303-306, ago. 1994.

[64] SANTILLÁN, R. et al. Enhancement of opiate analgesia by nimodipine in cancer patients chronically treated with morphine: a preliminary report. Pain, v. 58, n. 1, p. 129-132, jul. 1994.

[65] CODERRE, T. J. et al. Contribution of central neuroplasticity to pathological pain: review of clinical and experimental evidence. Pain, v. 52, n. 3, p. 259-285, mar. 1993.

[66] Orientações sobre o manejo de medicamentos analgésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares para intubação traqueal, manutenção de pacientes em ventilação mecânica e anestesia em situações de escassez no contexto da pandemia Covid-19. Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) juntamente com a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMED), a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), o Instituto para Práticas Seguras do Uso de Medicamentos (ISMPBr) e a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (SBRAFH). 22 de março de 2021. Cessível em: https://www.amib.org.br/fileadmin/user_upload/amib/2021/marco/22/Orientac__o__es_sobre_manejo_de_medicamentos_no_contexto_da_pandemia_COVID-19_210321.pdf

[67] https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos-injetaveis/3566/tiopental.htm

[68] https://tutoriaisdeanestesia.paginas.ufsc.br/files/2013/03/Farmacos-utilizados-para-a-inducao-anestesica.pdf

[69]https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/Sedacao_Analgesia_Bloqueio_Neuromuscular.pdf

[70] https://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmResultado.asp#

[71] https://www.medicines.org.uk/emc/product/6274/smpc#gref

[72] https://www.amib.org.br/fileadmin/user_upload/amib/2021/abril/01/sedacao.pdf


 [AB1]


2 comentários: