PUNÇÃO VENOSA PROFUNDA GUIADA PELA ULTRASSONOGRAFIA SEM USO DE SERINGA
Alejandro Enrique Barba Rodas[1].
Alexandre Francisco Silva[2].
Unidade de Terapia Intensiva Adulto da Santa casa de São Jose dos Campos.
Apresenta-se um caso de punção venosa
profunda guiada pela ultrassonografia em paciente obeso mórbido em pós-operatório
de cirurgia bariátrica, que apresentava difícil acesso venoso superficial
(periférico).
Testou-se uma variante da
denominada técnica de abordagem ‘‘Syringe-Free’’ (sem seringa) desenvolvida por
Matias e col. em 2014 e publicada em 2017[3].
A técnica original foi descrita
mediante punção da veia jugular interna (VJI), em tempo real, sob visualização
direta e guiada pela ultrassonografia, usando apenas o sistema do fio-guia
acoplado à agulha de punção desde o início do procedimento, prescindindo do uso
da seringa e da aspiração confirmatória de sangue, pois o operador será capaz
de visualizar a entrada da agulha e do fio guia no lúmen da veia. O fio-guia não deverá estar
dentro da agulha no momento da punção para permitir que o lúmen da agulha encha
de sangue. Assim que se visualiza que a agulha penetra no lúmen do vaso, o
fio-guia é introduzido também sob visualização ultrassonográfica direta e contínua.
Quando a introdução e a progressão corretas do fio forem confirmadas, a agulha
é removida e o procedimento completado de forma tradicional. O método utilizou
um probe linear em posição e orientação obliqua conforme descrito na literatura[4].
A principal vantagem atribuída à técnica é a possibilidade de ser realizada por
um único operador, sem a necessidade de afastar o transdutor de
ultrassonografia do campo de punção permitindo que o procedimento seja feito sob
visualização direta de forma contínua e em tempo real. Entretanto, essa técnica
exige que seja executada por um operador experiente com prática no reconhecimento
das estruturas vasculares, assim como na interpretação das imagens obtidas pela
ultrassonografia (agulha, fio-guia, etc).
No caso descrito, foi puncionada a veia jugular
interna direita (dominante) usando também o sistema de fio-guia acoplado à
agulha (ambos parte do kit adulto de cateter venoso central da Arrow), seguindo
a técnica dinâmica com um único operador, conforme protocolo institucional.
Entretanto,
diferentemente da técnica original, realizamos a punção com o probe linear em
posição longitudinal (e não obliqua) sob visualização ultrassonográfica direta
e contínua tanto da entrada da agulha dentro da veia como do fio-guia e sua progressão.
Conclui-se que denominada técnica
de punção venosa ‘‘Syringe-Free’’ resulta prática e útil quando a punção for
realizada por um único operador, permitindo que o procedimento seja feito em
tempo real e sob visualização direta da entrada da agulha, do fio-guia e sua
progressão. Entretanto, exige treinamento e experiência do operador no uso de ultrassonografia
para punção venosa guiada. Recomenda-se que por segurança, antes da punção, a
veia seja devidamente reconhecida e confirmada mediante o uso do doppler colorido
e pulsado, assim como a manobra de compressão. Da mesma forma, havendo dúvida
em relação à estrutura a ser puncionada deve-se realizar ou repetir o
procedimento (se já puncionada) usando a técnica convencional com seringa. Ainda,
não recomendamos a técnica na posição transversa visto a maior limitação na visualização
da agulha e do fio-guia.
[1] Médico
Intensivista. Coordenador da Unidade Coronariana da Santa Casa de São Jose dos
Campos.
[2] Médico
Cardiologista e Intensivista da Unidade Coronariana da Santa Casa de São Jose
dos Campos.
[3]
Francisco Matias, Edgar Semedo, Cláudia
Carreira e Paula Pereira. Cateterizacão venosa central guiada por ultrassom ---abordagem
‘‘Syringe-Free’’. Rev Bras Anestesiol. 2017;67(3):314---317. Disponível em:
[4]
Phelan M, Hagerty D. The oblique view: an alternative appro-ach for
ultrasound-guided central line placement. J Emerg Med.2009;37:403---8.
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